quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Será? Tomara.

René Girard: futuro nos reserva renascimento cristão
«Verdade ou fé fraca. Diálogo sobre cristianismo e relativismo»

ROMA, terça-feira, 12 de dezembro de 2006 ( ZENIT.org).- Um dos intelectuais mais influentes da cultura contemporânea, o antropólogo René Girard, recentemente eleito entre os quarenta «imortais» da Academia Francesa, sustenta que nos encaminhamos para um renascimento cristão.

No livro recém-publicado em italiano, «Verità o fede debole. Dialogo su cristianesimo e relativismo» («Verdade ou fé fraca. Diálogo sobre cristianismo e relativismo»), da editora Transeuropa, o antropólogo francês afirma: «viveremos em um mundo que será e aparecerá tão cristão como nos parece científico hoje em dia».

«Creio -- acrescenta Girard -- que estamos nas vésperas de uma revolução em nossa cultura que vai muito além de qualquer expectativa, e que o mundo está deslizando para uma mudança em relação a qual o Renascimento não nos parecerá nada.»

O texto recolhe dez anos de encontros entre o pensador francês e o professor italiano Gianni Vattimo, teórico do chamado «pensamento fraco», sobre alguns dos temas que se converteram em objeto de aceso debate nas últimas décadas: a fé, a laicidade, as raízes cristãs, o papel da mensagem evangélica na história da humanidade, o relativismo, o problema da violência, o desafio da razão, etc.

O texto, editado por Pierpaolo Antonello, apresenta em especial ao grande público a transcrição de três conferências inéditas nas que os dois autores se confrontaram sobre os pontos mais radicais de seu pensamento.

No livro, o professor francês afirma que «a religião vence a filosofia e a supera. As filosofias estão, de fato, quase mortas. As ideologias estão praticamente falecidas, as teorias políticas estão quase totalmente acabadas; a confiança no fato de que a ciência possa substituir a religião está já superada. E no mundo há uma nova necessidade de religião».

Com relação ao «relativismo moral» que defende Vattimo, René Girard escreve: «Não posso ser relativista» porque «penso que o relativismo de nossos dias é o produto do fracasso da antropologia moderna, da tentativa de resolver os problemas ligados à diversidade das culturas humanas. A antropologia fracassou porque não conseguiu explicar as diversas culturas humanas como um fenômeno unitário, e por isso estamos empantanados no relativismo».

«Na minha opinião -- sustenta o acadêmico francês --, o cristianismo propõe uma solução a estes problemas justamente porque demonstra que os obstáculos, os limites que os indivíduos se colocam mutuamente servem para evitar um certo tipo de conflito.»

«Se compreendêssemos que Jesus é a vítima universal vinda a propósito para superar estes conflitos, o problema estaria resolvido», sublinha Girad.

Segundo o antropólogo, «o cristianismo é uma revelação do amor» mas também «uma revelação da verdade» porque «no cristianismo, verdade e amor coincidem e são a mesma coisa».

O professor francês explica o «conceito do amor» que no cristianismo é «a reabilitação da vítima acusada injustamente, é a própria verdade, a verdade antropológica e a verdade cristã».

Frente às petições de Vattimo de justificar o aborto e a eutanásia assim como as relações homossexuais, Girard sublinha que «há um âmbito de conduta humana que Vattimo não mencionou: a moral» e explica que «nos dez mandamentos se entende uma noção de moralidade» na qual está implícita a noção de caridade.

Girard replica logo a Vattimo -- que sugere um «cristianismo hedonista» -- que se nos deixamos levar, abandonando todos os escrúpulos, existe a possibilidade de cada um acabar por poder fazer o que quer».

O antropólogo francês critica o «mundo politicamente correto» que considera «a tradição judeu-cristã como a única tradição impura, enquanto todas as demais estão isentas de qualquer possível crítica».

Aos defensores do politicamente correto, Girard recorda que «a religião cristã não pode nem sequer ser mencionada em certos ambientes, ou se pode falar dela só para tê-la sob controle, para confiná-la, fazendo crer que ela seja a primeira e única responsável do horror que o mundo atual atravessa».

Sobre o niilismo moral que parece penetrar na sociedade moderna, Girard conclui que «em vez de aproximar-se de qualquer forma de niilismo, afirmando que não existe nenhuma verdade, como fazem determinados filósofos», é preciso «voltar à antropologia, à psicologia, e estudar as relações humanas melhor do que se fez até agora».

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