segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Crer em Jesus?

Crer ou não, faz menos diferença do que ser. A Bíblia está cheia de "descrentes" santos, dos quais o mais famoso é o próprio São Tomé. Jesus mesmo disse que nem todo que fica dizendo "Ó Senhor, Ó Senhor" será salvo mas aquele que O visitou nas prisões, que deu a Ele de beber quando teve sede e deu a Ele de comer quando teve fome, através das pessoas presas, sedentas e famintas que nos cercam.

Nada na vida ou no mundo que é "de verdade" depende de crença. Esse tipo de bobagem é que contaminou o cristianismo no ocidente e nos trouxe ao atual estado de descrença, pois, durante muito tempo, o Ocidente viveu afastado de qualquer religião verdadeira embora ainda existisse um tipo de simulacro de Cristianismo em estado institucional. Não questiono com isso a fé de milhões de pessoas simples ao longo do 2o milênio mas que os últimos mil anos foram de um atéismo de fato, confirmado pelas inúmeras "impiedades" da "igreja" ocidental, é um dado inegável Daí a força moral do ateísmo e do materialismo modernos. No fundo, o Ocidente está só assumindo o que vinha sendo nos últimos séculos de forma hipócrita. E o ateísmo que "se assume", naturalmente, é muito mais alto do que o ateísmo covarde de "religiosos" gananciosos, promíscuos e sem fé.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Sete Vezes Desprezei Minha Alma - Gibran Khalil Gibran

Sete vezes desprezei minha alma:

Quando a vi disfarçar-se com a humildade para alcançar a grandeza;
Quando a vi coxear na presença dos coxos;
Quanto lhe deram a escolher entre o fácil e o difícil, e escolheu o fácil;
Quando cometeu um mal e consolou-se com a idéia de que outros cometem o mal também;
Quando aceitou a humilhação por covardia e atribuiu sua paciência à fortaleza;
Quando desprezou a feiúra de uma face que não era, na realidade, senão uma de suas próprias máscaras;
Quando considerou uma virtude elogiar e glorificar.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Será? Tomara.

René Girard: futuro nos reserva renascimento cristão
«Verdade ou fé fraca. Diálogo sobre cristianismo e relativismo»

ROMA, terça-feira, 12 de dezembro de 2006 ( ZENIT.org).- Um dos intelectuais mais influentes da cultura contemporânea, o antropólogo René Girard, recentemente eleito entre os quarenta «imortais» da Academia Francesa, sustenta que nos encaminhamos para um renascimento cristão.

No livro recém-publicado em italiano, «Verità o fede debole. Dialogo su cristianesimo e relativismo» («Verdade ou fé fraca. Diálogo sobre cristianismo e relativismo»), da editora Transeuropa, o antropólogo francês afirma: «viveremos em um mundo que será e aparecerá tão cristão como nos parece científico hoje em dia».

«Creio -- acrescenta Girard -- que estamos nas vésperas de uma revolução em nossa cultura que vai muito além de qualquer expectativa, e que o mundo está deslizando para uma mudança em relação a qual o Renascimento não nos parecerá nada.»

O texto recolhe dez anos de encontros entre o pensador francês e o professor italiano Gianni Vattimo, teórico do chamado «pensamento fraco», sobre alguns dos temas que se converteram em objeto de aceso debate nas últimas décadas: a fé, a laicidade, as raízes cristãs, o papel da mensagem evangélica na história da humanidade, o relativismo, o problema da violência, o desafio da razão, etc.

O texto, editado por Pierpaolo Antonello, apresenta em especial ao grande público a transcrição de três conferências inéditas nas que os dois autores se confrontaram sobre os pontos mais radicais de seu pensamento.

No livro, o professor francês afirma que «a religião vence a filosofia e a supera. As filosofias estão, de fato, quase mortas. As ideologias estão praticamente falecidas, as teorias políticas estão quase totalmente acabadas; a confiança no fato de que a ciência possa substituir a religião está já superada. E no mundo há uma nova necessidade de religião».

Com relação ao «relativismo moral» que defende Vattimo, René Girard escreve: «Não posso ser relativista» porque «penso que o relativismo de nossos dias é o produto do fracasso da antropologia moderna, da tentativa de resolver os problemas ligados à diversidade das culturas humanas. A antropologia fracassou porque não conseguiu explicar as diversas culturas humanas como um fenômeno unitário, e por isso estamos empantanados no relativismo».

«Na minha opinião -- sustenta o acadêmico francês --, o cristianismo propõe uma solução a estes problemas justamente porque demonstra que os obstáculos, os limites que os indivíduos se colocam mutuamente servem para evitar um certo tipo de conflito.»

«Se compreendêssemos que Jesus é a vítima universal vinda a propósito para superar estes conflitos, o problema estaria resolvido», sublinha Girad.

Segundo o antropólogo, «o cristianismo é uma revelação do amor» mas também «uma revelação da verdade» porque «no cristianismo, verdade e amor coincidem e são a mesma coisa».

O professor francês explica o «conceito do amor» que no cristianismo é «a reabilitação da vítima acusada injustamente, é a própria verdade, a verdade antropológica e a verdade cristã».

Frente às petições de Vattimo de justificar o aborto e a eutanásia assim como as relações homossexuais, Girard sublinha que «há um âmbito de conduta humana que Vattimo não mencionou: a moral» e explica que «nos dez mandamentos se entende uma noção de moralidade» na qual está implícita a noção de caridade.

Girard replica logo a Vattimo -- que sugere um «cristianismo hedonista» -- que se nos deixamos levar, abandonando todos os escrúpulos, existe a possibilidade de cada um acabar por poder fazer o que quer».

O antropólogo francês critica o «mundo politicamente correto» que considera «a tradição judeu-cristã como a única tradição impura, enquanto todas as demais estão isentas de qualquer possível crítica».

Aos defensores do politicamente correto, Girard recorda que «a religião cristã não pode nem sequer ser mencionada em certos ambientes, ou se pode falar dela só para tê-la sob controle, para confiná-la, fazendo crer que ela seja a primeira e única responsável do horror que o mundo atual atravessa».

Sobre o niilismo moral que parece penetrar na sociedade moderna, Girard conclui que «em vez de aproximar-se de qualquer forma de niilismo, afirmando que não existe nenhuma verdade, como fazem determinados filósofos», é preciso «voltar à antropologia, à psicologia, e estudar as relações humanas melhor do que se fez até agora».

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Igreja e Cristianismo

Que a Igreja é uma religião em crise social, ninguém questiona. O que ninguém parece questionar também é que o termo Cristianismo não era o núcleo da identidade da cristandade. Não vou ousar dizer que não existia, mas tendo lido um número razoável de textos patrísticos, não me recordo de tê-lo encontrado. Os cristãos e a cristandade se reconheciam como tal porque eram todos "Igreja", "Comunidade". Discutir quem era "mais cristão" era discutir quem era "mais Igreja". Quando a Cristandande chegou em um ponto no qual era sociologicamente impossível discernir qual grupo é que era Igreja, iniciou-se a própria "Crise do Cristianismo", que nada mais é que uma crise de identidade.

De fato, é essa crise que permitirá o uso do termo "Cristianismo" para identificar todos os candidatos a serem o "verdadeiro cristianismo" e, portanto, "A Igreja". São três os grupos principais que chamam a si tal prerrogativa; os demais minoritários constituindo-se variantes ou subdvisões deles: a Igreja Ortodoxa, a Igreja Romana, e a Igreja da Reforma. A primeira, sócio-políticamente é uma confederação de igrejas nacionais e algumas autocefálicas. A segunda é uma monarquia absolutista iluminada e a terceira não chega a um método próprio de organização, possuindo cada subdivisão seus próprios métodos. A Reforma, em si, é a-administrativa.

O mais das pessoas se identifica mais com os métodos administrativos e as conseqüências sócio-culturais que daí advém do que da questão importante: Onde está o Corpo mesmo do Cristo? Onde está a Verdade? A Igreja, de fato, é vastamente mais do que uma mera instituição cultural. Ela é o próprio corpo teantrópico. Ser parte Dele é o que devemos buscar .

A Cidade e as Estrelas

No século 20, viu-se o surgir de um sub-estilo de ficção que trata exclusivamente de explorações de novas descrições do mito da Caverna de Platão. São estórias que descrevem seus personagens completamente imersos em mundos que de alguma forma foram planejados para aprisionar seus habitantes, tolhindo sua própria humanidade, ou que ao menos, ainda que inadvertidamente, acabam por fazê-lo. São livros como 1984, Admirável Mundo Novo, A Cidade e as Estrelas, filmes como Matrix, O Show de Truman, seriados como Lost, Arquivo X. O que todos estas obras têm em comum é o mote principal do personagem imerso em uma rede de mentiras, às vezes tão radical, que o mundo em si é uma mentira.

Eu posso estar enganado, mas a primeira obra que aponta nesta direção é Othelo de Shakespeare. Ali, Othelo é enredado em uma teia de falsidades engedrada por Iago. Iago domina completamente o mundo subjetivo de Othelo, que passa a viver em uma realidade virtual primitiva. Depois temos As Viagens de Gulliver, na qual não existe uma rede de mentiras propriamente ditas, mas os habitantes de cada país são absolutamente provincianos em sua perspectiva de vida, o que não deixa de ser uma prisão subjetiva virtual.

Em todas estas obras, quando há um planejador da mentira, ele é, ainda que bem intencionado, representado como profundamente maligno ou, ao menos, um sociopata. Se o responsável for a sociedade inteira, esta é apresentada como doente e auto-destrutiva, digna de reprovação.

A tentação, o pecado fundamental que tais obras expõem é talvez um dos mais antigos da humanidade. No primeiro milênio do Cristianismo foi exercitado principalmente pelos gnósticos. Trata-se da soberba de um ou de muitos em tentar imprimir o mundo real o mundo de sua imaginação e pensamento. Para tais pessoas, o mundo real é detestável e igualmente detestáveis são os elementos da realidade que porventura encontra. Iago detesteva a felicidade de Otelo, a ascenção de Cassio e cria seu mundo com o fim exclusivo de destruí-los. Os provincianos detestam o mundo exterior. O ódio ao mundo tal como ele é caracteriza e justifica a criação do mundo virtual que deve substituí-lo na subjetividade das pessoas dado que mudar o próprio mundo real em si é impossível.

Nossa época viu a ascensão de tais obras simplesmente porque foi o século no qual a realidade foi mais detestável para todos os envolvidos nela. A prosperidade de muitos países que pela primeira vez tiraram o homem da miséria, as conquistas da ciência, os ápices espirituais da religião...nossa época detestou de tudo um pouco e muitos foram os que resolveram que "outro mundo é possível" e não hesitaram em matar em nome desse sonho sufocante. Cada nova geração, ao contemplar as mortes geradas pela anterior, e julgando-se naturalmente mais genial, sonha então um novo mundo e joga-o sobre nós, através de milhões de Iagos recitando para si mesmos sua cantilena " And what's he then that says I play the villain? When this advice is free I give and honest," (Quem dirá pois que faço o papel de vilão? Posto que meus conselhos são gratuitos e honestos) Pois nada há mais detestável do que o excelente sempre tomado pelos que o desconhecem como vil. A humanidade matou e mata seus melhores homens e o mesmo faz com suas perspectivas. Ser bom é tolerável, ser excelente é insuportável. Vemos acontecer não apenas nas grandes coisas. Também nas pequenas o fenômeno é comum. São "superiores" e "amigos" que sabotam o crescimento do próximo , colegas que sequer teriam algo a perder com o crescimento do outro e ainda assim o derrubam.


Tudo por vaidade, diria o velho Salomão. Não sei. Sei porém que o que me atrai nas estórias que mencionei é a possibilidade de fuga. É bem verdade que nem todas a tem, mas a simples escrita dela já pressupõe uma mente que não se deixa enredar. Existe uma porta no céu artificial. Existe uma saída. Não como os gnósticos pensavam, uma saída do mundo mal falso que seria o mundo material para um bom mundo espiritual que seria o verdadeiro. Existe a saída do falso mundo da nossa subjetividade pessoal e coletiva, controlado por ilusões, para o bom mundo real e objetivo. Tal é a liberdade verdadeira e, creio, o primeiro passo para a salvação.

Grupos Anônimos de Ajuda

Esta é uma idéia que cultivo há muito tempo e que espero poder por em prática no futuro. Reunir os diversos grupos de auto-ajuda que existem por aí em um só ponto de consulta de modo que os que deles necessitam possam encontrá-los com mais facilidade. Os que listei abaixo são os que aparecem em um rápida busca no Google pela palavra "Anônimos". Sei que existem muitos outros, para pacientes de doenças específicas e outras condições que sequer suspeito. Caso encontrem mais alguma coisa, me digam para que eu atualize a lista.

Alcólicos Anônimos - O mais conhecido e no qual a maioria dos grupos busca sua referência de organização. Muitos adaptam os Doze Passos para sua situação específica.

Narcóticos Anônimos
- Para usuários de drogas que buscam libertar-se não apenas da droga mas dos vários problemas que surgiram com ela.

Neuróticos Anônimos - Para pessoas que querem têm problemas crônicos relacionados com angústia, nervorsismo, depressão, medo, ansiedade.

Dependentes de Sexo e Amor Anônimos - Para pessoas que se envolvem compulsivamente em relações sexuais e amorosas mesmo com prejuízo para suas vidas.

Jogadores Anônimos
- Apesar dos jogos de azar serem proíbidos no Brasil, existem várias pessoas que sofrem deste vício e que podem encontrar neste grupo um caminho para retomarem suas vidas.

Codependentes Anônimos - Este grupo auxilia as pessoas que reconhecem que não conseguem deixar de se envolver em relações destrutivas, de qualquer tipo que seja.

Comedores Compulsivos
- Aqui pessoas para as quais a comida tornou-se um vício poderão encontrar ajuda e apoio mútuo.

Introvertidos Anônimos - A timidez que para alguns é um incômodo apenas, para outros é um bloqueio sério ocasionando prejuízos graves na vida, não apenas de ordem material. Este grupo pode auxiliar tais pessoas.

Mulheres que Amam Demais
- O grupo destina-se a mulheres que percebem que sua "entrega incondicional" ao invés de produzir os bons frutos do amor apenas as aprisiona em uma dependência de relacionamentos destrutivos.

domingo, 10 de dezembro de 2006

O que é a Verdade?

Hoje em dia é anátema sequer alegar que existe uma verdade, especialmente em assuntos que sejam natural ou artificialmente polêmicos. O correto seria adotar, no mínimo, uma atitude de ceticismo cognitivo, ou seja, "não sei se é possível conhecer a verdade, se é que ela existe, então trato como se não existisse e o que os seres humanos expressam não fosse senão perspectivas". Naturalmente, ninguém aplica isso de fato na vida, especialmente os que alegam fazê-lo.

Imagine a cena. A esposa, em posse de fotos comprometedoras do marido no motel com uma prostituta, coloca o dito canalha contra a parede. Ele sai-se com essa "Amor, a representação pictográfica nada é senão forma e cor cujo sentido encontra-se na sua interrelação com o conhecimento de mundo do expectador. Fico feliz que ela mexa com você de alguma forma, mesmo trazendo à tona a raiva, mas lembre-se que o que você vê, em qualquer produção seja textual ou iconográfica é apenas a interrelação do seu eu com heranças culturais impostas por sua criação e sua sociedade. A imoralidade e traição que você vê aí só existem se você permanecer nessa perspectiva. Deixe-me desafiá-la a um pensamento crítico, a experimentar a obra por outros ângulos".

Por mais doutorada em Semiótica que a dita esposa seja, tenho certeza que o marido tomaria tanto um lustre com um processo na cabeça. O relativismo, no fundo, é isso. Pura hipocrisia de quem quer ferir ou ferir-se fingindo para o próximo e/ou para si que não é responsável por isso, utilizada oportunisticamente quando convém mas devidamente ignorada nas coisas realmente importantes.

Essa eu levava para sala de aula

Se eu estivesse dando aula, com certeza levaria esta notícia de hoje do Dia para a sala de aula para meus alunos. Vejam só como os modais são importantes.... :)


Diálogo difícil de entender

O cansaço dificulta qualquer conversa, mas, quando o idioma é o inglês e o diálogo é para orientar pousos e decolagens, os riscos são enormes. Piloto do Rio cita caso contado pelo especialista em fraseologia aeronáutica Daniel Celso Calazans. O professor ensina que o uso inadequado do inglês tem colocado aviões em situações de risco, como no dia em que um controlador, tentando evitar o choque entre duas aeronaves, disse a um piloto: "You should descend to FL 230" — "você deveria descer ao nível de vôo 230", ou 23 mil pés.

Depois o controlador perceberia que o piloto mantinha o nível inicial de vôo, precisando de nova orientação para evitar a colisão. A intenção era orientar o piloto a reduzir a altitude, mas a expressão utilizada não tinha tom imperativo. Bastava dizer "desça" ou "você tem de descer". Em artigo, Calazans recorda de controlador que pôs avião em rota de colisão com outro, ao tentar desviá-lo de uma nuvem. A dificuldade em formular a frase em inglês acabou levando o controlador a dar a orientação "To avoid CB, don’t turn right (para evitar a nuvem, não vire à direita)", instrução confusa que acabou levando o piloto a virar à direita, entrando na rota de outra aeronave. A colisão foi evitada por pouco.

Jorge Oliveira reconhece o problema e diz que a Infraero deveria oferecer cursos de inglês para elevar a fluência dos controladores, mas as aulas são esporádicas. "Deveríamos ter curso para elevar a proficiência em inglês, mas não há continuidade", critica.


O DIA

sábado, 9 de dezembro de 2006

Oh Jerusalem!

Esta é a música que primeiro me chamou a atenção para o versículo do "Sol da Justiça".

Oh Jerusalem!

Faz parte das músicas ortodoxas não-litúrgicas em estilo contemporâneo.

Shemesh Tsedaqah

Shemesh Tsedaqah é normalmente traduzido como "Sol de Justiça". A expressão encontra-se em Malaquias, o último profeta antes de chegarmos ao Novo Testamento:


Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que o não serve.

Pois eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como restolho; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.

Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.

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Não pretendo com este blog "criar" um sol de justiça. Utilizo o nome apenas porque penso ser uma imagem mais positiva que Nightrain, que é o nick que normalmente utilizo. Muitas mudanças estão acontecendo de forma radical na minha vida, em rigorosamente todas as áreas e por isso "mudar um nome" me parece adeqüado.

O que vocês encontrarão aqui será uma seleção da coisas mais inúteis que já existiram no mundo: minhas opiniões. De fato, creio que opiniões nada mais são do que contemplações narcisísticas de nós mesmos. Quando eu digo "odeio beringela", nada falo a respeito da beringela, mas apenas de mim mesmo. É triste que em nossa época muitos considerem o ápice do desenvolvimento intelectual "ter opinião própria". Trata-se de uma idiotice de marca maior. Primeiro porque acima de opiniões, existe o conhecimento de fato. Este sim é o cume do desenvolvimento em uma dada área: conhecer o que há para ser conhecido, seja Deus ou a técnica de seu trabalho. Mas elegemos como valor o "achismo". Vale mais o sujeito que tem a "opinião" correta sobre a árvore do que aquele que a conhece de fato.

Naturalmente, esse culto da opinião é mero pedantismo pseudo-intelectual. Ninguém se deixa operar por um cirurgião que "acha" que sabe o que você tem, nem tampouco que "ache" que a intervenção correta é esta ou talvez aquela. Um engenheiro civil que apresentasse uma planta neglicenciando os princípios e leis de sustentação de um prédio em nome da sua própria "opinião" sobre como prédios deveriam ser é, efetivamente, criminoso se chega a construir seu delírio.

Cultivar opiniões, portanto, nada mais é que trabalhar para estagnarmos em nosso amadurecimento, continuando na fase internalizada de culto do próprio ego. Nesta condição, importa mais ao sujeito a impressão causada do que o causador da impressão. É, enfim, um escravo da caverna platonica, um feliz e decidido morador da Matrix.

Por que então, expor as minhas opiniôes? Provavelmente tem um caráter psicanálitico nisso. Como eu disse, muitas mudanças estão ocorrendo e talvez eu precise mesmo expor um pouco da minha subjetividade para que eu mesmo possa contemplá-la como terceira pessoa num momento posterior. Talvez porque em uma fase de muita pressão eu esteja sucumbindo a alguma compulsão narcisistica. Penso, porém, que tem a ver com o meu crescente descrédito a respeito das pessoas. Imersas em relativismo rasteiro, estão desinterassadas da Verdade, tecem louvores à perspectiva de terem sua liberdade cerceada em nome de pão e circo modernos (bem-estar social e cultura). Enfim, mentalidade de escravos.

Num mundo tal, todo diálogo racional torna-se conversa de "loucos". Os raios de sol são alucinações; apenas as sombras são verdadeiras em tal mundo. Eu conto nos dedos as pessoas com quem posso entabular conversação a respeito de uma realidade 'real' e elas sabem do que eu estou falando. Quem sabe, expondo de forma rasteira alguns pontos, eu não consiga mais alguns loucos? Talvez até montemos nosso próprio sanatório... ;)